Whisky

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sábado, 7 de abril de 2018

Desvendando Nº 70: Maker's Mark



A destilaria Maker's Mark fica próxima a Loretto. Criada em 1805, é a mais antiga destilaria americana a funcionar no local de origem. A marca Maker's Mark foi desenvolvida na década de 1950 por Bill Samuels Jr e hoje é propriedade da Fortune Brands Inc. Em 1980 foi declarada Monumento Histórico Nacional.


Em 1780, Robert Samuels fixou residência no Kentucky e provavelmente começou a produzir whisky imediatamente, como tantos outros fazendeiros haviam feito na Escócia e na Irlanda antes dele. A partir de 1840, T.W. Samuels (neto de Robert) começou a destilar em quantidades maiores. No entanto, a primeira destilaria comercial só ficou pronta em 1894. O próximo passo na história da companhia mostra que, em 1943, Bill Samuels deixou a destilaria e destruiu a antiga receita da família. Ele acreditava que deveria criar uma fórmula mais suave para combater a crescente popularidade de whiskies escoceses e canadenses em relação ao bourbon.

A receita que ele criou utilizava trigo vermelho de inverno, proveniente de fazendas locais, em vez de centeio. As proporções são 70% de amido de milho, 14% de trigo e 16% de cevada maltada.


A garrafa e o nome do novo whisky foram ideia da esposa de Bill. Como colecionadora de objetos de estanho, costumava procurar “the mark of the maker”, ou seja, “a marca do autor”. Também colecionava garrafas de conhaque, muitas delas com lacre colorido de cera derretida. O design inclui um “S” de Samuels, o número “IV”, que simboliza a quarta geração da família e uma estrela, que remete à fazenda Star Hill, onde o Maker's Mark é produzido. As garrafas são rotuladas à mão e mergulhadas em cera vermelha, então nenhuma é igual a outra. E, para assegurar que todos percebam que o Maker's Mark é diferente, o rótulo opta por usar a grafia “whisky” em vez de “whiskey”, que é mais associada às marcas americanas. Uma forma também de homenagear a ascendência escocesa de Samuels. As primeiras garrafas de Maker's Mark foram vendidas em 1958.


Cada lote do whisky provém de grupos de menos de 19 barris, que normalmente são maturados nos armazéns da empresa por seis anos. Há remessas de várias concentrações, principalmente de 50,5% (101) e 45% (90).

O que pude perceber:
Características: cor âmbar, encorpado.
Aroma: adocicado, caramelo, chocolate ao leite, madeira queimada, mentolado. Uma lembrança de trigo. Nenhuma evidência de álcool apesar de seus 45% ABV. Depois vem baunilha, coco, açúcar mascavo. Com um pouco de água as características de um bourbon tradicional aparecem, com bastante caramelo e baunilha. Mentolado, chocolate ao leite e açúcar mascavo. Há um certo toque floral. Continua com zero de álcool. Com uma pedra de gelo o mentolado toma conta e fica um pouco menos doce.
Paladar: um pouco picante e ardido no início, depois passa pelo chocolate e açúcar mascavo. Em seguida baunilha e um mentolado. O trigo também está presente. Finaliza de uma forma seca e de média duração. Desta vez é possível sentir um pouco do adocicado característico dos bourbons, proveniente do milho, embora ele não se sobressaia. Caramelo e madeira se fazem presentes também na finalização. Com água, fica mais suave, menos ardido no começo e mais arredondado. Baunilha, amadeirado tostado sutil. A sensação de picância continua na finalização, deixando a boca um pouco dormente. Com uma pedra de gelo destacam-se o amadeirado tostado e o mentolado, além de ficar menos doce. Continua finalizando de forma picante.


Mais um bourbon com uma proposta diferente. A intenção deste whisky foi o de ser uma bebida que não tivesse aquele impacto do centeio na composição, motivo pelo qual o grão fora substituído pelo trigo, para dar uma suavizada. Além disso, em seu processo de destilação, além de usar os alambiques de coluna tradicionais, utiliza também alambiques pot still em sua segunda destilação, o que acaba por abrandar um pouco mais a bebida.

Também não apresenta o milho como ator principal, o que para mim agradou bastante. Ficou um sabor interessante, trazendo, apesar da suavidade do trigo, um certo amargor contrastante com a doçura. Incomodou um pouco a picância do início, quando experimentado puro e também em sua finalização, que apareceu em todas as formas de degustação, deixando a boca dormente por um bom tempo. 

Driblado este ponto, é bom apreciar uma bebida que não é doce e enjoativa. Além do mais, o álcool não é evidente, o que é mais um ponto positivo. De um modo geral, um bom whisky para ter na coleção e ser apreciado de vez em quando.




Maker's Mark

Bourbon Teor Alc 45%

Um olfato sutil, complexo, limpo, com baunilha e tons picantes, uma delicada nota floral de rosas, além de limão e grãos de cacau. Medianamente encorpado, oferece um palato de frutas frescas, temperos, eucalipto e torta de gengibre. O final possui mais temperos, carvalho fresco com uma ideia de fumaça, e uma pitada final de cheesecake de pêssego.

3 comentários:

  1. É o meu Bourbon favorito no momento.
    Seguidos pelo Woodford Reserve e Wild Turkey.

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  2. Meu amigo, parabens pelas maravilhosas reviews. MUITO DIDÁTICAS e com tua opiniao preto no branco . Dos uisques ate 200 qual que combina bem o doce, esfumaçado e picante? Sabe que gostei demais do Songs of Fire embora odeie Game of Thrones hehehe...e Singlemalt tem tanta diferenca assim? Brigadaoo sucesso. Abs

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  3. Boa tarde amigos.

    Tenho a curiosidade de iniciar os Bourbons. Estou em dúvida entre o Maker's Mark e o Bulleit.

    Por qual iniciar? Qual o melhor?

    Li as duas resenhas (ótimas), mas ainda fiquei na dúvida (na dúvida, experimente os dois).

    Obrigado.

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