Whisky

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terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Desvendando Nº 48: Glen Moray 12 Anos


Fazendo parte da família Ardbeg e Glenmorangie, a pequena Glen Moray sempre passou despercebida. Começou como cervejaria e se transformou em destilaria em 1897. Com 60 anos de experiência na produção de cerveja Ale, era preciso pouco para levar o processo adiante e transformar a cerveja em whisky. Seus whiskies são admirados, mas nunca se destacaram como glamourosos.

A casa lutou para sobreviver nas primeiras décadas, até ser comprada pelos blenders Macdonald & Muir (que mais tarde se tornou Glenmorangie), seus proprietários até 2004, quando então foi vendida para a LVMH. Hoje faz parte do grupo francês La Martiniquaise, que a adquiriu em 2008.

Localizada em terreno pantanoso, perto do rio Lossie, nas imediações de Elgin, a destilaria caracteriza-se por seu entusiasmo pelo envelhecimento final em barris de vinho, talvez por influência de seus donos que lidavam com vinhos e destilados. Os primeiros envelhecimentos com Chardonnay e Chenin Blanc datam de 1999. O uso de barris de vinho branco foi uma inovação no ramo.


Glen Moray extrai sua água de uma nascente ao lado do rio Lossie e usa cevada maltada levemente turfosa. O whisky é maturado principalmente em tonéis de carvalho americanos previamente usados para bourbon, com uma alta proporção de barris de primeiro uso. Alguns tonéis especiais são reservados para edições limitadas, em tradicionais armazéns dunnage no local.

O carro-chefe da destilaria é o Glen Moray Classic, sendo o segundo malte mais vendido na Escócia e, principalmente através de vendas de supermercado, seu whisky continua um malte introdutório dos mais vendidos no Reino Unido.

O que pude perceber:
Características: cor palha claro, pouco corpo.
Aroma: herbal e floral. Possui um pouco de álcool um tanto quanto desagradável no início, algo como acetona, que agride um pouco as narinas. Driblado o álcool (o ideal é deixar descansar no copo por alguns minutos) surgem aromas de malte e nozes. No nariz ele parece ter bem mais corpo do que o verificado através da análise de suas lágrimas. Aromas de pipoca e cereais também podem ser sentidos. Com a adição de um pouco de água, libera algumas notas, frutado, amadeirado, terra molhada e couro. O aroma desagradável de acetona some. Com uma pedra de gelo o herbal toma conta. Desta vez notam-se aromas de grama.
Paladar: quente, picante, cereais, um certo azedo na boca, um pouco ardido também. O ardido lembra um pouco de gengibre. Tem uma finalização média, de malte. Com a adição de água continua o gengibre e agora há uma certa picância de especiarias, além do malte. Sua finalização fica um pouco mais picante, mais seca e um pouco mais duradoura. Com o gelo, o paladar corrobora o que foi sentido no aroma, destacando, principalmente, o sabor herbáceo. A picância do gengibre some. Continua ardido, mas agora mais suave. O final, agora, fica mais fresco e dura menos.


O que dizer deste whisky? Vindo, originalmente, dos mesmos controladores da destilaria Glenmorangie, esperava mais. Mas pelo histórico do pouco caso deles para com a destilaria dá para entender. Deu trabalho analisar este whisky. Mas vamos combinar que analisar whisky é sempre bom que tenhamos mesmo sempre muito trabalho. Foram necessárias mais de uma dose (sacrifício).

É um whisky que não se revela. É fechado. Sua principal característica é tentar se manter assim. Foi difícil desvendar suas notas de aromas e sabores. Um whisky bruto, no sentido de que não quer “falar” com ninguém. É deixando-o descansar e adicionando um pouco de água que suas nuances começam a aflorar. Com algumas gotas de água, seus principais aromas começam a se revelar, e é desta forma que eu considero que ele deve ser melhor apreciado. O gelo, por sua vez, bagunçou tudo novamente, fechando portas que haviam sido abertas.

O whisky é suavizado em barris de Chenin Blanc. Acredito que, não fosse esta finalização, teríamos algo bem ruim. Como disse no início, esperava mais. Não é um whisky complexo, é bem simples até. Vale para conhecimento, mas não é um whisky que eu recomendaria como um bom whisky. Há muitos blendeds que se sobressaem a este single malt.




Glen Moray 12 Anos

Single Malt: Speyside Teor Alc 40%


Este é um malte clássico e leve de Speyside, com aromas de algodão-doce e notas de mel de urze. Na língua há um sabor suave de frutas secas e cascas de laranja.

10 comentários:

  1. Olá Michel, excelente revisão! Eu tenho esse whisky na versão 16 anos. Nele, não se percebe esses aromas desagradáveis que você descreveu do 12, no entanto, continua muito "fechado", uma vez que nada de destaque se sobressai. É um whisky completamente neutro, indicado apenas pra quem bebe muito ocasionalmente e que não quer aqueles aromas e sabores encontrados nos blendeds de supermercado. Abraço, Cesar.

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    1. Obrigado Cesar. Acho que a versão de 16 anos é mais bem trabalhada. Os anos a mais de maturação fazem com que o whisky fique melhor arredondado. Porém, acho que é uma característica do Glen Moray ser um whisky fechado. Mas acrescentar água a ele faz toda a diferença. Experimente. Um abraço.

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  2. Ola gostaria de uma indicação de vinhos com final de vinho do porto pois gostaria de comprar para minha esposa.

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    1. Um excelente whisky com finalização em vinho do Porto é o Glenmorangie Quinta Ruban 12 Anos, veja Review 53 ao lado. Outro, o Dalmore Valour, Review 54. Abraço.

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