Whisky

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sábado, 30 de agosto de 2014

Turfa

No post sobre maltagem havia dito que o assunto turfa, no processo de secagem do malte, seria visto com muito mais cuidado em outro momento. A turfa merece um capítulo à parte, pois é responsável por alguns dos sabores mais intensos do whisky.

Quando se usa a turfa para a secagem do malte ele é normalmente retirado do piso de maltagem e transferido para um forno, onde é espalhado sobre uma superfície perfurada de metal ou cerâmica, por cima de uma fogueira de turfa. A turfa é usada porque impregna a cevada com sua fumaça de aroma e sabor característicos. O melhor momento é o primeiro estágio da secagem do malte verde porque a fumaça só adere aos grãos enquanto o malte ainda está úmido e pegajoso.

Dentre os aromas e sabores mais característicos e assertivos do whisky escocês  está o de turfa.  De modo geral, os whiskies escoceses se tornaram muito menos turfosos nas últimas décadas do século XX, à medida que fontes alternativas de combustível foram desenvolvidas. Porém, algumas destilarias retornaram à tradição.
O retorno da turfa é um reflexo do interesse dos aficionados.  Os aromas e sabores desse composto orgânico, terrosos, fuliginosos, defumados, com notas de alcatrão, em geral bastante secos, podem ser tão viciantes para os amantes de malte quanto desafiadores para os iniciantes ou os bebedores ocasionais. Perceber a turfa no whisky é sentir o perfume e o gosto do solo da Escócia.

Após a Pequena Era Glacial, que teve início por volta de 1300, restaram poucas árvores nas Terras Altas da Escócia. Porém, havia pântanos de turfas. A turfa era o combustível das Terras Altas e continua a ser empregada em algumas regiões para uso doméstico e na secagem do malte e funcionamento de alambiques. As Lowlands são a parte menos turfosa da Escócia, embora sejam notáveis suas turfeiras elevadas. As Highlands tem charnecas turfosas e turfeiras de coberta, enquanto as ilhas revelam os terrenos mais turfosos, especialmente Orkney e Islay. Alguns pântanos de turfas podem ter 10 mil anos e chegam a mais de 9 metros de profundidade. Extensões amplas da região de Islay são cobertas por pântanos de turfas.


Água corre sobre a turfa a caminho da fábrica de malte, onde pode transferir alguns de seus aromas típicos durante o processo de infusão dos grãos. Uma influência muito mais importante se dá quando a turfa é utilizada como combustível no forno onde o cereal é seco. Aqui as técnicas variam, e tanto a duração como a intensidade do processo influenciam o resultado final. É importante considerar que a fumaça será absorvida pelos grãos enquanto sua superfície estiver úmida. Isso significa que o calor do forno dever ser brando o suficiente para obter o nível exigido de exposição à turfa antes que os grãos percam sua umidade.


Muitos dos componentes que conferem sabor ao whisky não são encontrados na turfa propriamente dita, mas são produzidos dessa queima. Entre estes componentes estão os fenóis. Fenóis são as substâncias que dão sabores defumados ou medicinais ao malte e ao whisky. Os níveis de exposição à turfa são indicados pelo percentual de fenol mensurado em partes por milhão (ppm). Um malte levemente turfado tem de 2 a 10 ppm, enquanto um estilo fortemente turfado pode alcançar de 50 a 60 ppm.  Whiskies com sabor forte de turfas, como o Lagavulin e o Laphroaig, têm cerca de 35 ppm de fenóis. O Ardbeg tem aproximadamente 50 ppm. Com uma concentração de 167 ppm, o Octomore, lançamento de edição limitada da Bruichladdich, é o whisky que possui o mais forte sabor de turfas.


Mas, afinal, o que é turfa? A turfa é vegetação decomposta ao longo de milhares de anos pela água e parcialmente carbonizada por alterações químicas, normalmente encontrada em áreas alagadiças. Após milhões de anos, se submetida a condições de calor e pressão, a turfa acabaria por se tornar carvão. Para que a turfa se desenvolva, o clima deve ser frio e úmido e o solo precisa ser pouco oxigenado, com drenagem ruim. Ao se decompor, a vegetação se encharca e afunda, formando camadas. Turfeiras e áreas pantanosas cobrem de 5% a 8% da massa terrestre do mundo, 90% delas ficam nos climas temperados e frios do hemisfério norte. Na Escócia, as turfeiras abrangem mais de 1 milhão de hectares, ou 12% da superfície total.


As turfeiras de coberta, que receberam esse nome por sua tendência a se espalhar sobre amplas áreas, são a fonte mais importante de turfa para a indústria do whisky, e para o fornecimento de turfa na Escócia em geral.

Tudo que é preciso para “ganhar” a turfa, como se diz, é uma pá, para retirar a superfície; uma ferramenta chamada fal, como uma garra para cortar a turfa; e um forcado para erguer a turfa até a margem, para secar. Hoje, grande parte da extração é feita por máquinas. As máquinas são puxadas por tratores e cortam a turfa na profundidade exigida com uma serra circular ou uma motosserra. O corte manual da turfa é o método tradicional de extração.

Antes que se possa manipular a turfa, ela precisa secar naturalmente. A turfa retirada com máquina requer cerca de um mês, enquanto a turfa cortada manualmente precisa de duas semanas a mais.


As espécies vegetais presentes na turfa contribuem para determinar a influência que ela terá sobre o whisky. A vegetação varia de um lugar para o outro, mas normalmente inclui musgos, ciperáceas, urze e junco. Embora o musgo e a urze sejam os dois componentes mais comuns, entre as outras plantas que contribuem para seu caráter estão a Molina Caerulea, um tipo de capim alto e ereto com flores roxas, o Alecrim-do-Norte, com folhas e coroas muito aromáticas, a Uva-Ursina, um pequeno arbusto com folhas sempre verdes e o Pinheiro Escocês.

Mas, nenhuma outra região produtora de whisky é mais associada à turfa do que Islay, que possui abundantes reservas de onde tirar a sua. Em Islay (e em outros lugares das Terras Altas), a água corre através das turfas e tem cor de chá. Embora os whiskies de algumas destilarias da ilha quase não mostrem qualquer vestígio de turfa, outros se tornaram lendas internacionais pelo caráter turfoso.

Apesar de ser encontrada fora da Escócia, a turfa é raramente empregada na produção de whisky em outras partes do mundo. A Irlanda, rica em turfeiras, abandonou o uso da turfa na época em que a produção de whiskey mudou-se do campo para as cidades, pois era um combustível ineficiente. No Japão, utiliza-se às vezes malte turfado nos whiskies, contudo a maior parte é importada de fábricas de malte da Escócia, que usaram turfa escocesa.


A exposição do malte à turfa acrescenta uma gama de compostos fenólicos para além das notas turfosas e defumadas, incluindo alcatrão, brasa, fogueira, sabão carbólico e um caráter marinho. A turfa da costa apresenta aromas salgados de beira-mar em consonância com o ambiente marinho que a formou.


A turfa antigamente era bastante usada, mas como o carvão acabou se tornando mais disponível com o crescimento do transporte ferroviário, a indústria seguiu a tendência e passou a criar whiskies menos defumados. Em algumas ilhas, como Islay e Skye, a transição para o carvão não aconteceu tão rapidamente, e o uso da turfa prosseguiu. Para a maioria dos destilados produzidos nas ilhas, essa ainda é a norma, ou seja, a secagem da cevada é realizada em fornos típicos ou em pátios de secagem maiores.

Para o meu paladar, prefiro os whiskies que são levemente turfados. Acho que a turfa entrega um sabor marcante, distintivo. Mas deve ter uma medida certa, caso contrário, torna-se muito forte e acaba sendo a protagonista da bebida, camuflando outros aromas e sabores. Tive a oportunidade de degustar um destes exemplares altamente turfados, o Ardbeg 10 anos. 


Não é para iniciantes. Mesmo quem já está acostumado com whiskies turfados sofre um baque quando experimenta este ícone de Islay. No olfato, a primeira impressão é a de cheirar um cinzeiro cheio de bituca de cigarro. No paladar, a impressão é a de lamber este cinzeiro. É possível, após algum tempo, perceber a complexidade do whisky e desvendar outros aromas e sabores por trás do defumado. No entanto, este é que predomina. Como a turfa mereceu um capítulo à parte, este whisky também merece. Iremos falar sobre ele mais adiante. Até a próxima.

Post relacionado: Maltagem


Fontes: o livro do whisky, whisky de a a y, whisky, wikipedia


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Desvendando Nº 10: Dewar’s White Label


John Dewar nasceu perto de Aberfeldy, em Perthshire, em 1806. Ao sair da escola, trabalhou como aprendiz de carpinteiro em Weem, e cinco anos depois retornou a Aberfeldy para trabalhar com seu irmão James em sua marcenaria. Dois anos depois, foi a Perth para trabalhar com seu tio James Macdonald em seu negócio de bebidas. Após a morte de MacDonald, em 1837, John se tornou um dos sócios e ali permaneceu até 1846, quando decidiu montar seu próprio negócio de vinhos e destilados em Perth.

A empresa cresceu e em 1860 contratou seu primeiro caixeiro-viajante. Em 1871, aos 15 anos, o filho mais velho de John (que tinha o mesmo nome) se juntou à empresa, para, oito anos mais tarde, se tornar sócio. John pai não estava bem nessa época e morreu em 1880, aos 74 anos. O filho assumiu o controle da companhia e pediu ao irmão mais novo, Thomas (Tommy), que à época trabalhava numa destilaria de Leith, que se juntasse a ele. Tommy se tornou sócio em 1885.


Os irmãos estavam prestes a transformar a pequena loja do pai em uma empresa pública. Tommy foi para Londres, para abrir escritórios; passou a viajar pelo mundo e documentou suas viagens de negócios no livro A Ramble Round the Globe (sem edição em português). A empresa foi agraciada pela rainha Vitória com o título real e o tem mantido desde então.

Ao ser comprada pela Bacardi, em 1988, a Dewar’s foi revigorada. A marca foi renovada e investimentos consideráveis foram feitos em todo o negócio. Produtos novos foram desenvolvidos, visando o crescimento do White Label, um dos blends escoceses que mais vendem nos EUA. O primeiro foi uma expressão de 12 anos, Special Reserve, seguida do engarrafamento 18 anos Fouder’s Reserve e de um ultra-premium conhecido como Signature.


O Dewar’s White Label foi criado pelo primeiro misturador da companhia, A. J. Cameron, em 1906. Há cerca de 40 tipos diferentes de whiskies de malte e grão em sua composição, e o puro malte Aberfeldy é o principal ingrediente. Outros single malts do grupo – Aultmore, Craigellachie, Royal Brackla e, em uma proporção menor, MacDuff – também são usados. Embora não esteja disponível em todas as partes do Reino Unido, sua presença é dominante nos EUA. Além disso, é importante em alguns mercados europeus e está em desenvolvimento na Ásia.

A Bacardi expandiu a distribuição global do Dewar’s e fez com que o perfil da marca crescesse ao intensificar os anúncios e o marketing. Os padrões da produção permaneceram altos, e alguns afirmam que houve uma melhora na qualidade do blend. Isso fez com que atingisse a quinta posição entre os blends mais vendidos no mundo.



O que pude perceber:
Aroma: malte, levemente defumado. Um pouco de mel e baunilha. Com um pouco de água fica um pouco mais adocicado, puxando para açúcar mascavo ao mesmo tempo que intensifica o aroma de malte. Apresentou mais um aroma de fundo, de especiarias, que eu não soube identificar quais. Após o whisky descansar um pouco no copo, dá para sentir bem mais o defumado. Este acréscimo de água liberou bem mais o esfumaçado do whisky. Acrescentando uma pedra de gelo ficou mais cítrico.
Paladar: leve dormência na boca. Final seco e um pouco prolongado. Não é amargo, pelo contrário, confirma na boca um pouco da doçura do mel sentido no aroma. A adição de um pouco de água deixou o whisky um pouco cítrico, mas também dá para sentir o sabor levemente esfumaçado. Continua o formigamento na boca e o retrogosto continua um pouco longo. Com gelo ficou mais fresco e mais suave. O ardor da boca diminui e sente-se o sabor de pera madura.

É um whisky levemente encorpado, não muito forte, mas agride um pouco com o álcool no início. É um daqueles que se deve achar o ponto certo para beber. Achando este ponto, torna-se uma bebida bastante saborosa e agradável, principalmente para aqueles que, como eu, apreciam um whisky um pouco defumado (na próxima matéria iremos falar um pouco sobre a turfa). É um whisky honesto, entrega o que se espera de um bom blend standard e tem um bom custo-benefício, podendo ser encontrado na faixa dos R$ 65,00. Encontrei o meu no Pão de Açúcar a R$ 39,99.


Dewar’s White Label

Blend Teor Alc 40%


Doce e urze no nariz. Levemente encorpado, fresco, com características de malte, algumas especiarias. Um final limpo e um pouco seco.









Saúde.

Post relacionado: Aberfeldy


Fontes: dewars.com, whisky de a a y, o livro do whisky

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Fã de uísque paga mais de R$ 11 mil por caixão em forma de garrafa

Depois de ver oito colegas do Exército serem mortos durante a Guerra do Iraque, o ex-soldado britânico Anto Wickham, 48, começou a planejar seu próprio funeral e, para tornar o clima mais "alegre", encomendou um caixão no formato de uma garrafa do uísque Jack Daniels. 
Wickham, que mora em Belfast, na Irlanda do Norte, pagou 3.000 libras (cerca de R$ 11.425) a uma empresa funerária para construir a réplica da garrafa, com 3 metros de comprimento.
"Em um período de 28 dias no Iraque, em fevereiro de 2007, fui atacado 74 vezes e houve dias em que sofria três ou quatro ataques em um dia", disse Wickham, que serviu no Regimento Real Irlandês por 22 anos.
"Perdi oito colegas. Chegou um momento em que pensei que deveria planejar meu funeral porque algo podia dar errado. Eu não queria um enterro normal, tinha que ser uma celebração da vida, já que estive em muitos funerais de colegas que foram ocasiões muito tristes", explicou o ex-soldado. "Eu queria algo completamente diferente e decidi por esse caixão, pensando no meu drinque favorito, Jack Daniel's."

Assistindo a um programa de televisão, o ex-soldado conheceu a a empresa Crazy Coffins (Caixões Loucos) e decidiu encomendar sua "garrafa". Na última semana, ele voou do Afeganistão, onde trabalha atualmente em uma empresa de segurança privada, para a Irlanda, para ver como ficou sua encomenda.
"Meus amigos veem o lado engraçado, mas minha mãe e meus avós não gostaram muito", disse Wickham. "Também vou procurar a Guinness (fabricante irlandesa de cervejas) para ver se eles podem transportar meu caixão no dia do velório em uma de suas vans de entrega", planeja.
E você? Está preparado para ser enterrado na garrafa de seu whisky favorito?


Fonte: uol.com.br

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Marca de uísque escocês lança o Ballantine's Brasil

O spirit drink é uma bebida especial para fazer misturas


Ballantine’s, marca de uísque escocês, lança um novo produto inspirado nas terras tupiniquins. O Ballantine's Brasil é feito com uísque original da marca, mas mergulhado em barris com cascas de limão e finalizado com um toque de baunilha. A novidade foge das tradições e tem o objetivo de ser um produto feito para ser misturado a outros. O lançamento chega ao mercado primeiro no Nordeste, a partir de setembro.

O Ballantine's Brasil é um spirit drink, bebida feita para ser consumida com outros sabores e boa para o preparo de drinques. O gosto não parece com o do uísque tradicional, mas pode render misturas saborosas. Para estimular, a Ballantine's sugere opções de drinques, como o Highland Samba, com limonada e gelo, o Glen Rio, com suco de maçã e o Glen Coco, com limão, açúcar e coco. As receitas estão disponíveis no site www.mixitwithbrasil.com onde um barman oferece opções e mostra o preparo para saborear o produto.

Para Rafael Souza, responsável pelo marketing do grupo no Brasil, a escolha do Nordeste, e do Recife inicialmente, se deu através de pesquisa e da curiosidade de que o Recife tem um dos públicos consumidores de uísque mais jovens do Brasil. "Descobrimos também o gosto pela mistura, por novidades, então precisávamos trazer um produto novo de drinque, que não fosse vodca ou rum", comentou.


Serviço
Ballantine's Brasil
Quando:
 no mercado a partir de setembro
Quanto: R$ 49,90


Fonte: diario de pernambuco

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Veja as incríveis esculturas feitas em gelo para serem servidas com whisky

Que tal apreciar o seu whisky usando a sua imagem favorita como gelo? Pois é justamente esta a aposta dos japoneses.
A gigante japonesa de whisky Suntory encomendou uma máquina de alta precisão para criar impressionantes esculturas em gelo, que deixarão a bebida ainda mais elegante e refinada.
Trabalhando com uma agência de publicidade, a empresa utilizou um moinho 3D para esculpir obras de arte a partir do gelo, criando os primeiros cubos de gelos moídos 3D do mundo.

Alguns dos projetos incluem um grande tubarão branco, um astronauta e até a Estátua da Liberdade.


A Empresa japonesa criou lindas obras de arte em cubos de gelo para servir sua bebida de forma mais requintada.
Suntory convidou as pessoas para sugerirem idéias para as esculturas. Aqueles que tiveram suas idéias escolhidas, serão convidados para um bar secreto, em Tóquio, onde desfrutarão de um copo de Suntory gratuitamente.







Qual o seu gelo preferido?


Fonte: gadoo.com.br

domingo, 17 de agosto de 2014

O Whisky: documentário completo

Mais um documentário sobre whisky realizado pelo canal History Channel. Conta a origem do whisky e seu processo de produção através de filmagens in loco nas destilarias Jack Daniel's nos Estados Unidos, Jameson na Irlanda e Canadian Club no Canadá. Claro, sem deixar de passar pela Escócia e ainda mostrar a ascensão de micro destilarias nos EUA. Apreciem sem moderação.


sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Rainha da Inglaterra batizará seu porta-aviões com uísque

Londres - A rainha Elizabeth II da Inglaterra substituirá o tradicional champanhe por uísque para batizar na Escócia o novo porta-aviões da marinha britânica, que levará seu nome.


O "HMS Queen Elizabeth" será batizado em Rosyth, no sul da Escócia, mas não estará operacional até 2020.
"Trabalhadores de todo o Reino Unido ajudaram na construção do barco, mas como (a cerimônia) irá ocorrer na Escócia é adequado batizá-lo com uísque, a 'água da vida'", explicou o governo em um comunicado.
A garrafa de uísque escolhida para ser quebrada contra o casco do barco é um puro malte da destilaria Bowmore, de Islay, uma das ilhas Hébridas, a oeste da Escócia.
Esta destilaria, fundada em 1779, foi a primeira que a rainha visitou, em agosto de 1980.
Em plena campanha para o referendo de independência da Escócia, que será realizado no dia 18 de setembro, o governo britânico multiplicou as mensagens e apelos aos escoceses para que fiquem.
"O barco, o maior que a Royal Navy já teve, é uma mostra do melhor do Reino Unido com a contribuição de todos os trabalhadores da União", explicou o ministro da Defesa, Phili Hammond, no comunicado.
O "HMS Queen Elizabeth" será um navio de 55.000 toneladas que atenderá uma carência significativa da Royal Navy, que neste momento não possui nenhum porta-aviões.
A tradição de batizar os barcos com champanhe não é tão remota. De fato, na época do Almirante Horacio Nelson (1758-1805), a Royal Navy escolhia brandy ou vinho de Madeira, e para os submarinos utiliza normalmente cerveja.
No entanto, é apenas a segunda vez que a Marinha Real usa uísque. A primeira foi em 1996, com a fragata "HMS Sutherland", um barco com tantas conexões com a Escócia - seu nome é uma homenagem a um duque escocês - que a escolha foi encarada com normalidade.


Fonte: exame.abril.com.br

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Desvendando Nº 9: Dalmore 12 Anos

O nome Dalmore significa “a grande terra dos prados”. É uma belíssima região da Escócia, com florestas beirando as montanhas e áreas alagadiças que atraem os mais diversos tipos de pássaros.

Fundada em 1839 por Alexander Matheson, a destilaria tem a parte de trás voltada para a Ilha Negra, onde uma das melhores cevadas da Escócia é cultivada. Com um vasto suprimento de grãos, turfas da região e a água do rio Alness, o local foi bem escolhido.

Membro da companhia comercial Jardine Matheson, de Hong Kong, Alexander Matheson construiu a Dalmore na área da fazenda Andross. A área foi escolhida pela proximidade de fontes de água e pela abundância de cevada Easter Ross.

Margaret Sutherland, que havia arrendado a produtora, era apenas uma “destiladora casual” por volta de 1850. Em 1867, a fábrica estava em mal estado de conservação e foi assumida pelos irmãos Charles, Andrew e Alexander Mackenzie, que pretendiam ampliá-la. A produção aumentou consideravelmente, passando de cerca de 74 mil litros no primeiro ano para aproximadamente 200 mil litros em 1894. Nessa época eles começaram a exportar o whisky para a Austrália e a Nova Zelândia através da Matheson & Co. Em 1891, os irmãos finalmente compraram a destilaria, com suas fazendas e seu píer.

A família passou um século envolvida com a destilaria e seu lema, “Eu brilho, não queimo” foi adotado pela marca. Há uma história de que em 1263 o clã Mackenzie impediu que o rei Alexandre III fosse chifrado por um veado. Em agradecimento, o rei concedeu ao clã o direito de colocar um chifre de veado de 12 pontas no brasão da família, símbolo de fidelidade, bravura e coragem. Esse é o símbolo oficial da Dalmore.

A fábrica teve que interromper suas operações durante a Primeira Guerra Mundial, pois a Marinha usou suas instalações para construir minas terrestres (os barris foram transferidos para armazéns vizinhos). A produção de whisky foi retomada em 1920 e foi gerenciada por três gerações da família Mackenzie até 1960, quando a empresa se fundiu com a Whyte & Mackay Ltd. O blend da White & Mackay é amplamente associado ao The Dalmore, que é o principal single malt da empresa.


A Dalmore é uma destilaria na qual o passado foi deixado para trás. Possui 8 alambiques. O alambique de cerveja é achatado no alto, e seu braço condutor escapa pelo corpo do pote; enquanto o alambique de espírito é revestido de camisas de resfriamento de cobre. Fica claro que a pessoa que projetou esses alambiques queria que o destilado condensasse o mais rapidamente possível; ele queria criar um caráter mais pesado, e é isso o que a Dalmore faz. É mais do que apenas pesado, no entanto; é doce e rico, com um aroma que lembra frutas frescas silvestres. A maior parte do destilado é amadurecido em barris europeus.


A Dalmore esta ganhando reputação. Por anos, o único engarrafamento da Dalmore feito na destilaria foi um single malt 12 anos. Mais tarde, um 21 e um 30 anos foram introduzidos, junto com o Gran Reserva (antes conhecido como Cigar Malt), em 2002. Nesse ano, também ocorreu a venda em leilão de uma expressão de 62 anos pelo preço recorde de 25.877 libras. Muitas edições limitadas passam por um processo de maturação em barris diferentes, assunto que fascina o mestre de alambiques da White & Mackay, Richard Paterson.


Premiado e reverenciado, o Master Distiller, Richard Patterson, é um capítulo a parte. Dedica mais de 40 anos de sua vida a supervisionar todo o processo desse portfólio premiado. Ele é considerado o melhor nariz da Escócia e é chamado “The Nose”. Seu trabalho é uma arte e  consiste em classificar os aromas dos whiskies, selecionando  somente os melhores.  Por conta disso, seu nariz está avaliado em 2,4 milhões de dólares pela Lloyds.


Hoje a destilaria pertence ao grupo United Spirits Limited, da UB Group, o conglomerado indiano do milionário Vijay Mallya e que atua em diversos segmentos: engenharia, aviação, fertilizantes, biotecnologia, imobiliário e bebidas. Também é proprietária da escuderia de Formula 1, Force India.

O que pude perceber:
Aroma: forte, picante, seco. Sente-se um pouco de especiarias. É um whisky bem complexo, vai mudando à medida que descansa no copo e libera seus aromas. De início, sente-se a presença marcante do álcool, mais um pouco e ele fica defumado, com um pouco de canela. Um pouco mais e sente-se chocolate amargo, açúcar mascavo, para então começar a aparecer as notas cítricas, de frutas cítricas. E então, volta o álcool e reinicia o ciclo. Com um pouco de água libera um aroma de baunilha e passas. O álcool some um pouco e as especiarias predominam. Acrescentando uma pedra de gelo predomina o aroma frutado.
Sabor: bem encorpado, sente-se uma certa dormência na língua, mas é muito saboroso, apesar de no início ser um pouco amargo. Mas depois isto vai mudando. Confirma no paladar a complexidade sentida no aroma, seu gosto vai mudando com o tempo. Seu final é longo, persistente, com um pouco do gosto de passas. Com água mantém o mesmo sabor. Com gelo fica bem suave, não agride, some a dormência na boca.

É um whisky maturado em barris de carvalho branco americano e também de sherry oloroso. No barril de carvalho americano fica descansando por 9 anos, depois disso, seu conteúdo é dividido: metade do líquido passa a maturar em barril de bourbon e a outra metade em barril de oloroso, por 3 anos, até completar os 12 anos de maturação. Esta combinação deixa o whisky simplesmente fantástico, muito saboroso. O que achei muito interessante também foi a mudança constante, em ciclos, como mencionado acima. Não tinha percebido isso nos whiskies até então. É uma bebida excelente, saborosa e muito bem recomendada. Está na casa dos R$ 200,00 em lojas especializadas e, felizmente, encontrei o meu por R$ 107,90 no Pão de Açúcar.


THE DALMORE 12 ANOS

Single Malt: Terras Altas

Teor Alc: 40%

O bem estabelecido 12 anos atingiu o mercado mais requintado com sua embalagem e com seu preço. O whisky tem um sabor suave de cascas de frutas cristalizadas e calda de baunilha.

Slàinte.








Fontes: o livro do whisky, whisky, whisky de a a y, wikipedia

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Desvendando Nº 8: Cardhu 12 Anos

Os apreciadores de whisky são unânimes em falar que quando adentra-se no mundo dos single malts, invariavelmente entra-se num caminho sem volta. Chamada de a “trilha do whisky”, ela começa com os blends, standard (com energético, com água, com gelo, puro, nesta ordem, conforme o paladar vai acostumando), depois premium, experimenta-se alguns bourbons, e aí descobre-se os single malts. Dificilmente quem chega até os single malts, e os aprecia, volta a olhar da mesma forma para os blends. Mas não são todos que, de primeira, adota o whisky de malte. Cada um é único, possui sua própria característica, às vezes muito forte, e quem não está acostumado, a primeira impressão pode não ser muito boa. Se não insistir, perderá a oportunidade de conhecer bebidas primorosas. Os blends foram feitos justamente para isso, para tornar mais fácil o hábito de beber whisky. Por outro lado, felizmente, há sempre aqueles produtos capazes de tornar a transição de um tipo para outro, mais suave. O single malt Cardhu é um deles.


Suas origens remontam à era do contrabando quando, em 1813, os agricultores de Cardow, John e Helen Cumming decidiram fabricar bebida ilícita e a vender pela janela da cozinha. Era bem provável que Helen fosse a destiladora do casal; tradicionalmente as mulheres assumiam a responsabilidade pela destilação nas comunidades rurais, e a história do whisky escocês é repleta de destiladoras famosas.

A fazendeira também agia como informante. Os oficiais da receita em visita à região de Knockando ficavam hospedados em sua fazenda. Helen costumava preparar as refeições, e quando eles estavam comendo, ela ia para fora e erguia uma bandeira vermelha, para avisar outros produtores da região da presença dos aduaneiros. Apesar disso, John foi preso três vezes por destilar sem licença.

Em 1824 John Cumming obteve licença para a Cardow. Em 1846, o patriarca morreu, e seu filho Lewis assumiu a gerência da fábrica. Antes da Ferrovia Strathspey ser inaugurada, o whisky era transportado em cavalos e charretes até Burghead  e, em seguida, levado de navio até Leith, ao sul do país, que tinha a fama de produzir destilados de boa qualidade. O irmão de Lewis, James, era um mercador de bebidas em Edimburgo e também um dos clientes da destilaria.


Após a morte de Lewis, em 1872, sua esposa Elizabeth, 24 anos mais nova, teve que assumir os negócios da família. Suas habilidades gerenciais lhe renderam uma ótima reputação, e ela passou a ser chamada de “A Rainha do Comércio de Whisky”. As instalações eram pequenas até Elizabeth a reconstruir na década de 1880. Foi ela quem colocou a Cardow no mapa quando expandiu as operações e vendeu seus alambiques velhos para William Grant (que naquela época estava procurando alambiques para sua nova destilaria, a Glenfiddich).

A Cardow foi comprada pela John Walker & Sons em 1893 e seu nome foi mudado para Cardhu. Um dos filhos de Elizabeth, John, foi nomeado diretor. Em 1908, o nome voltou a ser Cardow, e em 1925 a John Walker & Sons tornou-se parte da Scotish Malt Distillers. A destilaria fechou durante a Segunda Guerra Mundial, e seu nome passaria a ser novamente Cardhu. Como a maior parte da produção do Cardhu era para atender os whiskies Johnnie Walker, ela se tornou a casa do blend.


A Cardhu tem seis alambiques e é a sede da marca Johnnie Walker. Além de fornecer matéria para o grupo, produz também um renomado single malt. Seu malte tem uma nota relvada ao lado de acentos de chocolate e laranja. Porém, em um dado momento da década de 1990, a proprietária, Diageo, tentou fazer com que os consumidores espanhóis passassem a tomar o Johnnie Walker Black Label como alternativa ao Chivas Regal. Mas, como os espanhóis aparentemente queriam uma garrafa que tivesse “malte” no rótulo, as vendas do Cardhu 12 na Espanha cresceram 100 mil unidades entre 1997 e 2002.

Por volta de 2003, a demanda estava crescendo tão rápido na Espanha que a Diageo percebeu que os estoques não seriam suficientes. Em vez de aumentar o preço para conter a demanda crescente, difícil de atender, sua solução foi manter o nome Cardhu, mas mudar o whisky de um single malt para um vatted, trocando o nome do whisky para Cardhu Pure Malt, o que permitia a adição de outros maltes.

Não se sabe se os espanhóis se aborreceram com isto, mas a indústria, sim. Embora isso fizesse sentido comercialmente, a decisão provocou um enorme clamor por parte das outras destilarias, que argumentavam, corretamente, que um produto vatted (caracterizado por ser uma mistura de single malts de várias destilarias) não podia usar o nome de uma única destilaria.


Depois de questionamentos até no Parlamento, a Diageo teve de interromper as vendas do produto em 2003 e voltar a comercializar o Cardhu como um genuíno single malt 12 anos. Apesar de tudo, o “Caso Cardhu” acabou por ter um efeito benéfico, pois forçou a indústria a lidar com o problema da rotulagem e das definições do whisky. Uma nova regulamentação e uma terminologia mais clara foram introduzidas em 2005 e depois em 2009.

O que pude perceber:
Aroma: suave, leve. Sente-se um pouco de mel e também é bastante frutado. Com água predominam os aromas do mel e do malte. Dá para sentir um aroma de bala de banana. Com gelo ficou mais perfumado, mais gostoso, agora com um tom de bala mentolada.
Sabor: não senti a complexidade que pude notar em outros single malts, mas é bem saboroso. É delicado, suave. Confirma o sabor de mel e das frutas. Possui um final de médio para curto, bem frutado e com uma textura sedosa. Com água a textura já fica bem menos encorpada. Fica mais doce e também confirma o sabor da banana. O final persistiu um pouco mais. Acrescentando uma pedra de gelo o sabor fica mais suave, o álcool some e deixa um retrogosto agradável na boca.

"ouro líquido"
É um whisky que possui a coloração clara, de médio para pouco encorpado. Da casa Johnnie Walker, o nome apresenta suas credenciais. Mas não se apoia só no nome. No início me pareceu ser um whisky simples, que não iria me agradar. Mas foi ficando interessante à medida que o tempo da degustação ia passando. Com uma pedra de gelo ele se apresentou em sua forma ideal, inclusive sua cor ficou maravilhosa, parecendo ouro líquido. Para quem ainda não se aventurou no mundo dos single malt, este whisky é uma boa porta de entrada. Fácil de beber. Bebida fascinante. Muito bem recomendada. Para os apreciadores de Johnnie Walker então, este single malt é a pedida certa. Quanto ao preço, situa-se na faixa dos R$ 220,00. Comprei no Pão de Açúcar por R$ 139,90. Um achado.

coloração clara
Para encerrar, e aproveitando o gancho da introdução, convém dizer também para não sermos tão puristas assim. Em minha opinião, todo caminho tem volta e, mais, podemos transitar à vontade por ele. Apreciar a diversidade de rótulos que nos são ofertados, sem preconceito. Existem ótimos blends no mercado tão bons quanto ou até de melhor qualidade que alguns single malts. O segredo está no seu gosto pessoal. Siga sempre esta dica: o melhor whisky é aquele que você gosta.

Curiosidades:
A palavra "Cardhu" deriva do gaélico escocês Creag Dubh, que significa "Black Rock", Rocha Negra.
Na Espanha é bebido misturado com Coca-Cola.
O Cardhu é o whisky de referência para as misturas do Johnnie Walker.


CARDHU 12 ANOS

Single Malt: Speyside Teor Alc 40%

Este malte com aroma de urze e pera vem do lado mais suave de Speyside, é de leve a moderadamente encorpado, com um sabor delicado de nozes e de malte bem curtos no final.








Saúde.

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Fontes: wikipedia.com, whisky, o livro do whisky, whisky de a a y