Whisky

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sábado, 28 de abril de 2018

Desvendando Nº 73: Bowmore Mariner 15 Anos



A destilaria de Islay que resiste há mais tempo foi fundada em 1779 por John Simpson, um misto de fazendeiro, alambiqueiro, construtor, proprietário de pedreira e encarregado de correio. Talvez por isso mesmo a Bowmore permaneceu pequena durante anos. Quando foi comprada por uma empresa de Glasgow, a W. & J. Mutter, em 1837, produzia apenas 3.640 litros por ano. Depois de 50 anos, a produção anual aumentou para 900 mil litros, que eram embarrilados e transportados por navio para o depósito da Mutter, na alfândega embaixo da estação central de Glasgow.

Depois de várias mudanças de proprietários, a destilaria foi comprada pela Stanley P. Morrison e, desde então, tem sido o carro-chefe da Morrison Bowmore, que agora faz parte do grupo japonês de bebidas Suntory. Nas novas mãos, a produção aumentou para cerca de 4 milhões de litros anuais.

A brisa salgada do mar na costa do Indaal, onde se localiza, sopra bem nos depósitos e é provável que um pouco dela penetre nos barris. A água da Bowmore vem do rio Laggan por um aqueduto de 11 Km e é usada para a produção do mosto, esfriar os alambiques e encharcar a cevada. É das poucas destilarias a ter chãos de maltagem próprios. A maioria da cevada chega pré-maltada, mas, em parte, o que torna a Bowmore diferente é que uma proporção da cevada é maltada lá, em chão de pedra, revolvida à mão e secada sobre fogo de turfa. Esta proporção corresponde a 20%, o restante é adquirida de Port Ellen, em Islay.


Grande parte da bebida é transportada em tanques para fora da ilha de Islay, para maturar no continente. Isso se deve a falta de espaço, que diminuiu ainda mais em 1991, quando o depósito nº 3 foi convertido na única piscina pública de Islay, com água aquecida pela reciclagem do calor da destilaria.

Seria difícil comprovar que o fato de a destilaria usar o próprio malte, que possui uma concentração de cerca de 25 ppm, melhora o sabor do whisky. Porém, observar o processo completo, desde a cevada recém mergulhada na água à estufagem com brasas de turfas e sua fumaça densa e azulada, certamente, torna uma visita à destilaria Bowmore muito especial.

O que pude perceber:
Características: cor dourado claro, encorpado.
Aroma: fumaça, salgado, amêndoas, passas. Turfa não muito pronunciada. Nada de álcool. Um pouco de mel e caramelo são sentidos, juntamente com bala toffee. Um frutado também aparece, bem como um amadeirado suave. Com um pouco de água, acentuam-se as frutas secas, ameixas, amadeirado, água do mar, malte e acentua também o adocicado. A fumaça diminui um pouco.
Paladar: caramelo, frutado, amadeirado, amêndoas, um pouco salgado e um fundinho de turfa, também leve. Passas, frutas vermelhas, finalizando com fumaça, sal e frutas secas. Com água, evidencia o malte, o frutado, o amadeirado, surge uma certa picância e finaliza de uma forma quente com um fundinho de fumaça.


Whisky somente encontrado nas lojas Dutty Free. Este exemplar foi um presente do amigo e leitor assíduo César, durante um evento de degustação em São Paulo e que me surpreendeu positivamente.

Não é pesadamente turfado, embora seja de Islay. Há a turfa, mas na medida certa para os que gostam de uma bebida medianamente turfada. É maturado em cascos ex-bourbon e ex-sherry, o que acaba dando um balanço muito bom ao whisky, combinando muito bem suas notas, com picância e um certo adocicado.

Menção também deve ser feita ao seu caráter salgado, daí ser proveniente seu nome, Mariner. Não é um sal de água do mar, mas aquela brisa salgada que sentimos quando estamos à beira-mar.

É uma bebida feita tanto para os apreciadores de turfa como para aqueles que querem experimentá-la pela primeira vez, mas não querem partir para algo mais pesado. Irá agradar bastante.




Bowmore Mariner 15 Anos

Single Malt Islay Teor Alc 43%

Possui aromas de cacau e toffee, com um fundo de fumaça de turfa. No palato, maçã cozida e ruibarbo, com chocolate amargo e carvalho. Finalização prolongada, com gengibre, chocolate amargo e uma pitada de sal.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Desvendando Nº 72: Jim Beam Devil's Cut



A desvantagem de ser uma grande marca é que os aficionados podem deixar de notar a linha inteira. Ainda assim, existe tanta criatividade nas duas destilarias de Beam em Clermont e Boston quanto em qualquer outra fábrica.

Nesta versão, os fabricantes optaram por uma bebida com 45% ABV e turbinada pela adição do próprio espírito absorvido pela madeira. Seria a bebida do próprio diabo?


O que pude perceber:
Características: cor âmbar, encorpado.
Aroma: doce, caramelo, baunilha, madeira. Uma nota de chamuscado é bem proeminente. Bala toffee. Mel. Açúcar mascavo, puxando mais para rapadura. Pão de centeio. Nenhuma evidência de álcool apesar de seus 45% ABV. Com a adição de um pouco de água, evidencia o amadeirado e a baunilha. Fica um pouco mais suave. Surge um aroma terroso e esta adição de água dá uma arredondada no whiskey.
Paladar: baunilha, madeira, mel, toffee, uma certa picância, deixa um ardidinho na boca. A finalização é de açúcar mascavo. No paladar, o álcool não é evidente, assim como não foi no aroma. Melaço. Um pouco de centeio. A água adicionada ao whiskey deixa transparecer um certo frutado. A finalização continua quente, com açúcar mascavo.


Whiskey interessante e intrigante. Lançado em 2011, é composto por 77% de milho, 13% de centeio e 10% de cevada maltada, ainda assim não entrega muita evidência do milho. Também não é muito doce. E a curiosidade fica em cima de seu processo de fabricação, onde é extraída até a última gota de whiskey entranhada nos veios da madeira dos barris, onde permaneceram escondidas por cerca de 6 anos.

Este whiskey “a mais” foi batizado de Devil's Cut, ou a “parte do demônio”, em contrapartida ao Angel's Share, “parte dos anjos”. Enquanto o Angel's Share é o álcool que evapora durante o processo de envelhecimento, o Devil's Cut é o álcool que se esconde nas ranhuras da madeira.


O processo de extração do whiskey entranhado na madeira, chamado de “suar o barril”, consiste em encher os barris de água desmineralizada e ir girando por meios mecânicos. O whiskey irá se misturar à água. Depois, esta mesma água será usada para realizar o corte do destilado, ou seja, reduzir seu ABV para 45%. Este processo acaba por deixar a bebida com um sabor mais amadeirado e mais abaunilhado também, por conter líquido de extremo contato com a madeira. Segundo a Jim Beam, consegue-se extrair até 2 litros de whiskey dos veios da madeira.

Para quem está querendo fugir dos bourbons extremamente doces e convencionais, este é uma excelente pedida para experimentar. O whiskey em si entrega bastante sabor. Apesar também do marketing em cima do processo de extração do líquido entranhado na madeira, há que se reconhecer que existe sim um sabor e aromas diferenciados nesta bebida, o que é mais um apelo para ser conhecido.




Jim Beam Devil's Cut

Bourbon Teor Alc 45%

Aroma de madeira com espessa camada de caramelo, nozes tostadas, frutas cítricas maduras e uma adstringência suave. No paladar, carvalho e caramelo batalham entre si ganhando um toque de canela. A noz do nariz aparece juntamente com algumas frutas escuras e couro. No fundo, baunilha.

sábado, 14 de abril de 2018

Desvendando Nº 71: Jura Elixir 12 Anos



Há muito tempo acredita-se que a água utilizada pela destilaria Jura é mística, com propriedades medicinais e capacidade inclusive de prolongar a vida. Alguns dizem que ela foi abençoada por St. Columba por volta de 560AD. Os habitantes da ilha certamente tem alguma história de longevidade para contar e há relatos de um homem que teria vivido por cerca de 180 anos na ilha.

Se isto é um fato, rumor, mito ou lenda, uma coisa é verdade: os habitantes da ilha conseguem controlar o processo de envelhecimento. Principalmente em se tratando do whisky. A garrafa desta versão do Jura trás incrustada justamente o símbolo da água da Ilha.


O que pude perceber:
Características: cor âmbar, encorpado.
Aroma: cítrico, abacaxi, mentolado, baunilha, ervas-finas, refrescante, laranja, frutas amarelas, amadeirado, picante, ameixas, chocolate ao leite branco, melado, gengibre. Com um pouco de água, terra molhada, cravo, baunilha, mais amadeirado e menos refrescante e picante. Suaviza mais o aroma. Frutas secas aparecem no fundo. Agora o que se destaca é o malte.
Paladar: chocolate ao leite, açúcar mascavo, baunilha, mel, amadeirado, especiarias. Possui uma finalização com uma explosão quente que logo passa, ficando depois somente um amadeirado e um gengibre. Com um pouco de água fica amanteigado, amadeirado e mantém a baunilha. Depois vem novamente a explosão quente, de especiarias, pimenta, gengibre, que logo passa e deixa um gostinho de madeira, malte e frutas secas.


Maturado num mix de 50% carvalho branco americano ex-bourbon e 50% carvalho espanhol ex-sherry amoroso. Em nenhum momento, tanto no aroma quanto no paladar, o ABV de 46% se fez presente, nenhuma evidência de álcool. No entanto, há um certo desequilíbrio, uma picância exagerada, bem apimentado. Isto às vezes é confundido com álcool, mas não é, é pimenta mesmo.

À medida que se deixa a bebida descansar no copo e respirar um pouco, a coisa vai mudando. O whisky vai melhorando e ficando um pouco mais arredondado. Não melhora de todo, uma vez que a picância permanece ainda exagerada, mas se torna mais agradável para ser apreciado.

Este review eu fiz já há algum tempo e pensei que se desse mais chances ao whisky iria perceber outras nuances que de antemão não havia percebido. Não percebi. Sou fã da destilaria Jura, mas achei que esta versão não ficou no ponto. Para o meu paladar, a picância está em exagero. Minha opinião.




Jura Elixir 12 Anos

Single Malt Teor Alc 46%

Muito frutado, ameixas, frutas cítricas, um toque de carvalho e especiarias. As frutas continuam na boca, com mais ondas de xerez, frutas secas e canela. As ameixas retornam num final doce e médio.


sábado, 7 de abril de 2018

Desvendando Nº 70: Maker's Mark



A destilaria Maker's Mark fica próxima a Loretto. Criada em 1805, é a mais antiga destilaria americana a funcionar no local de origem. A marca Maker's Mark foi desenvolvida na década de 1950 por Bill Samuels Jr e hoje é propriedade da Fortune Brands Inc. Em 1980 foi declarada Monumento Histórico Nacional.


Em 1780, Robert Samuels fixou residência no Kentucky e provavelmente começou a produzir whisky imediatamente, como tantos outros fazendeiros haviam feito na Escócia e na Irlanda antes dele. A partir de 1840, T.W. Samuels (neto de Robert) começou a destilar em quantidades maiores. No entanto, a primeira destilaria comercial só ficou pronta em 1894. O próximo passo na história da companhia mostra que, em 1943, Bill Samuels deixou a destilaria e destruiu a antiga receita da família. Ele acreditava que deveria criar uma fórmula mais suave para combater a crescente popularidade de whiskies escoceses e canadenses em relação ao bourbon.

A receita que ele criou utilizava trigo vermelho de inverno, proveniente de fazendas locais, em vez de centeio. As proporções são 70% de amido de milho, 14% de trigo e 16% de cevada maltada.


A garrafa e o nome do novo whisky foram ideia da esposa de Bill. Como colecionadora de objetos de estanho, costumava procurar “the mark of the maker”, ou seja, “a marca do autor”. Também colecionava garrafas de conhaque, muitas delas com lacre colorido de cera derretida. O design inclui um “S” de Samuels, o número “IV”, que simboliza a quarta geração da família e uma estrela, que remete à fazenda Star Hill, onde o Maker's Mark é produzido. As garrafas são rotuladas à mão e mergulhadas em cera vermelha, então nenhuma é igual a outra. E, para assegurar que todos percebam que o Maker's Mark é diferente, o rótulo opta por usar a grafia “whisky” em vez de “whiskey”, que é mais associada às marcas americanas. Uma forma também de homenagear a ascendência escocesa de Samuels. As primeiras garrafas de Maker's Mark foram vendidas em 1958.


Cada lote do whisky provém de grupos de menos de 19 barris, que normalmente são maturados nos armazéns da empresa por seis anos. Há remessas de várias concentrações, principalmente de 50,5% (101) e 45% (90).

O que pude perceber:
Características: cor âmbar, encorpado.
Aroma: adocicado, caramelo, chocolate ao leite, madeira queimada, mentolado. Uma lembrança de trigo. Nenhuma evidência de álcool apesar de seus 45% ABV. Depois vem baunilha, coco, açúcar mascavo. Com um pouco de água as características de um bourbon tradicional aparecem, com bastante caramelo e baunilha. Mentolado, chocolate ao leite e açúcar mascavo. Há um certo toque floral. Continua com zero de álcool. Com uma pedra de gelo o mentolado toma conta e fica um pouco menos doce.
Paladar: um pouco picante e ardido no início, depois passa pelo chocolate e açúcar mascavo. Em seguida baunilha e um mentolado. O trigo também está presente. Finaliza de uma forma seca e de média duração. Desta vez é possível sentir um pouco do adocicado característico dos bourbons, proveniente do milho, embora ele não se sobressaia. Caramelo e madeira se fazem presentes também na finalização. Com água, fica mais suave, menos ardido no começo e mais arredondado. Baunilha, amadeirado tostado sutil. A sensação de picância continua na finalização, deixando a boca um pouco dormente. Com uma pedra de gelo destacam-se o amadeirado tostado e o mentolado, além de ficar menos doce. Continua finalizando de forma picante.


Mais um bourbon com uma proposta diferente. A intenção deste whisky foi o de ser uma bebida que não tivesse aquele impacto do centeio na composição, motivo pelo qual o grão fora substituído pelo trigo, para dar uma suavizada. Além disso, em seu processo de destilação, além de usar os alambiques de coluna tradicionais, utiliza também alambiques pot still em sua segunda destilação, o que acaba por abrandar um pouco mais a bebida.

Também não apresenta o milho como ator principal, o que para mim agradou bastante. Ficou um sabor interessante, trazendo, apesar da suavidade do trigo, um certo amargor contrastante com a doçura. Incomodou um pouco a picância do início, quando experimentado puro e também em sua finalização, que apareceu em todas as formas de degustação, deixando a boca dormente por um bom tempo. 

Driblado este ponto, é bom apreciar uma bebida que não é doce e enjoativa. Além do mais, o álcool não é evidente, o que é mais um ponto positivo. De um modo geral, um bom whisky para ter na coleção e ser apreciado de vez em quando.




Maker's Mark

Bourbon Teor Alc 45%

Um olfato sutil, complexo, limpo, com baunilha e tons picantes, uma delicada nota floral de rosas, além de limão e grãos de cacau. Medianamente encorpado, oferece um palato de frutas frescas, temperos, eucalipto e torta de gengibre. O final possui mais temperos, carvalho fresco com uma ideia de fumaça, e uma pitada final de cheesecake de pêssego.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Destilaria Glenlivet desafia os consumidores a desvendar o mistério do novo whisky



A destilaria Glenlivet lança mais recente edição limitada apresentando o The Glenlivet Code, um misterioso whisky Single Malt, lançado sem informações ou notas de degustação para levar conhecedores de whisky em uma jornada de descoberta, ao mesmo tempo em que coloca à prova seu conhecimento sobre o single malt. A edição limitada é um labirinto de sabores que testará os sentidos até do bebedor de whisky mais exigente.

Mantendo a qualidade excepcional pela qual o Glenlivet é famoso, The Glenlivet Code apresenta o estilo suave e frutado da marca com algumas reviravoltas adicionais para um momento de prazer definitivo. Seu lançamento é apoiado por uma experiência digital interativa, inspirada nos famosos codificadores britânicos e tem como objetivo testar o conhecimento e a compreensão do consumidor sobre o whisky Single Malt.

A experiência digital do The Glenlivet Code convida os conhecedores de whisky a escanear um código na parte de trás de sua caixa usando o aplicativo Shazam para entrar em uma sala virtual. Nesta sala, eles serão recebidos por um holograma do mestre destilador do The Glenlivet, Alan Winchester, que os desafiará a decodificar o sabor do líquido, selecionando quatro aromas para o nariz e quatro sabores para o paladar entre milhares de combinações possíveis.

Depois de decodificar os sabores do novo whisky, os participantes receberão uma pontuação que poderão postar nas mídias sociais para ver como se classificam em relação aos seus pares. As notas de prova oficiais não serão reveladas até o final do ano para dar aos entusiastas do single malt o tempo para descobrir e aproveitar o líquido.

A Glenlivet teve a oportunidade de criar um whisky que nunca fora elaborado antes, usando novos barris e técnicas para ultrapassar os limites do que as pessoas esperam do The Glenlivet. A edição limitada deste ano é um labirinto de sabores que testará os sentidos até do bebedor de whisky mais exigente. A experiência interativa permitirá que entusiastas do whisky em todos os níveis desenvolvam seu conhecimento da categoria e, ao mesmo tempo, uma compreensão mais profunda do Glenlivet.

The Glenlivet Code está disponível em 28 mercados com um preço sugerido de venda de US$ 120. Os consumidores podem entrar em www.theglenlivet.com para saber mais sobre a experiência digital e compartilhar seus pensamentos nas mídias sociais usando #TheGlenlivetCode.


Fonte: whiskyintelligence.com